quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"O Coração que é meu"


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Na minha rua existe um coração pintado no chão.
É visto por todos, é pisado por todos, é ignorado por todos.
Menos por mim. Sei quem o fez, quando o fez e porque o fez.
E mesmo quando a água da chuva levar o coração da calçada, vou guardá-lo na minha memória. Uma memória especial onde guardo tudo o que foi nosso.
Queria guardar-te em mim e em cada novo coração que encontro nas ruas de Lisboa. Mas este meio coração, o verdadeiro, que me faz sentir que estou viva, não me deixa guardar-te. Parece que está cheio de não sei o quê, ou demasiado vazio… Tão vazio que mesmo eu me perco neste infinito absurdo.
Absurdo, é também este limiar entre o amar e o não amar. Entre o querer viver tudo de novo, e o perceber que memórias são memórias e já não se consegue vivê-las.
Um dia já não estarei nesta rua. E o coração? Ficará? Ou o tempo tratará de o arrancar? Espero que não doa. Que não me doa, como dói agora a minha memória especial onde guardo tudo o que foi nosso.

Rita

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