segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Mãos dadas.


A insatisfação é lixada. O procurar sempre um problema, mesmo que ele não exista. Parece que há pessoas que nasceram para serem eternamente insatisfeitas. Mas não diria que isto é um defeito… Mas moí. Faz, por vezes, tremer o corpo e pior que isso, faz às vezes correr lágrimas que são para os outros irritantes e desnecessárias. Vou mudar isso. Vou mudar porque não gosto de chorar. Mas tenho saudades de viajar, de passear, de tirar fotos com a minha Canon e de andar de mãos dadas, mesmo que isso seja piroso. Sim… sobretudo de andar de mãos dadas.

Rita

domingo, 6 de outubro de 2013

Palavra que se gasta.

"Escolha o leitor uma palavra qualquer, diga-a muitas vezes seguidas - pouco a pouco, irá perdendo sentido e densidade, até se transformar num articulado sonoro incoerente, que nada exprime já. Chegado a esse ponto critico nasce em si um movimento de pânico; precisa de recuperar a palavra destruída, amassá-la de novo no complexo das emoções que lhe restituirão a antiga e familiar fisionomia. É uma experiência simples que serve para mostrar a que extremos precisamos das palavras para continuarmos a ser."

In Deste Mundo e do Outro de José Saramago

Usamos determinadas palavras demasiadas vezes. Palavras que só por si tem uma carga forte demais para serem banalizadas no nosso quotidiano. Por exemplo: a Rita dizia muitas vezes "amo-te". A Rita já não o diz... Não agora. Sabe que as palavras se gastam. E começa a intender melhor essa história que há um tempo certo para tudo, até para as palavras.

domingo, 31 de março de 2013

Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."


Vinicius de Moraes

terça-feira, 26 de março de 2013

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mazurka




Foi quando os corpos ingénuos e tímidos tocaram-se com a desculpa de uma dança. Sentiram a terra quente e a água doce do Norte misturada com o suor do corpo. Não se olharam uma única vez... Ela fechou os olhos. Ele sentiu o cheiro do vinho e do mel. E como tinha sido prometido, aquela noite durou uma valsa e uma mazurca.

Ao Andanças, a todas as danças que já dançei e sobretudo a todas as entregas. 



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Lugar Estrangeiro




Ele: Os teus passos são difíceis de acompanhar.


Ela: Não. É a nossa dança. Não é a mesma.


Ele: São os corpos? É a música que ouvimos? É o espaço que habitamos? É o quê? 
 

Ela: Vamos tentar um lugar estrangeiro? Tentaremos uma terra diferente, um cheiro diferente!


Ele: Tentaremos. Talvez consiga de novo entender os teus passos.


Ela: Não quero que me sigas.


Ele: Não te vou seguir, vamos caminhar lado a lado…


Ela: Até voltarmos a dançar de novo? Óptimo. Já tenho saudades…

Rita in Lugar dos Devaneios